“Israel é o relógio de Deus?”
“Estamos vivendo os últimos dias?”
“Essa guerra no Oriente Médio é o cumprimento de profecias?”
Essas perguntas têm se espalhado com intensidade e são bem frequentes em nossas timelines nas mídias digitais.
Em tempos de guerra, instabilidade política e sofrimento global, muitos corações inquietos buscam respostas e na ânsia de respondê-las, infelizmente, acabam tropeçando em interpretações superficiais, sensacionalistas ou simplesmente equivocadas do livro do Apocalipse. Isso tudo é fruto de uma má interpretação do livro, oriunda de leituras dispensacionalistas recentes e distantes da intenção do texto bíblico e da tradição da igreja.
O Apocalipse não foi escrito para prever eventos no noticiário como uma espécie de “vidência gospel”, mas para consolar comunidades perseguidas. Sua linguagem simbólica não é um mapa escatológico que gira ao redor de Israel moderno. É uma convocação à fidelidade, à esperança, à adoração.
O Apocalipse antes de tudo, não é um código secreto para decifrar guerras políticas, mas uma revelação de esperança para tempos de crise.
O Apocalipse é um verdadeiro convite: ele nos convida a olhar para o céu!
O céu se abre — e a esperança também
Depois das cartas às igrejas (Ap 2–3), João é convidado a olhar para o alto. Ele não é retirado do mundo, mas tem os olhos abertos para ver além do caos e enxergar a realidade celeste. O que ele vê não é destruição, mas glória. Não é o fim do mundo, mas o centro de todas as coisas: um trono, e alguém assentado sobre ele.
O trono está envolto de brilho — jaspe, sardônio, esmeralda. Ao redor dele, seres celestiais proclamam dia e noite: “Santo, santo, santo é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, que era, que é e que há de vir.” O ambiente é de reverência, ordem e majestade.
Essa visão não resolve todos os dilemas da terra, mas responde à pergunta mais urgente: existe alguém no controle?
E a resposta é clara: sim.
Mas há um livro selado
Na mão direita daquele que está no trono, João vê um livro — ou rolo — selado com sete selos. Ele representa o destino da criação, a revelação da justiça de Deus, a história com sentido. Mas há um problema: ninguém é achado digno de abri-lo. Nem no céu, nem na terra, nem debaixo da terra. Nenhum anjo, profeta, rei ou sacerdote.
E agora?
João chora.
Seu choro é um espelho. É o choro de quem vê um mundo em fratura, em dor, em escuridão — e percebe que, por si só, a humanidade não tem poder de salvar-se mesmo que tente. Nenhuma ideologia. Nenhum império. Nenhuma liderança humana.
A história parece fechada. A esperança, inacessível.
Então, João ouve uma voz:
“Não chores. O Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus selos.”
A promessa messiânica ainda está de pé. O herdeiro real venceu. Mas quando João olha, esperando encontrar um Leão glorioso, o que vê é um paradoxo: um cordeiro como se tivesse sido morto — e que, ainda assim, está de pé.
Esse paradoxo é a realidade celeste. No centro do trono não está a imagem da força violenta, mas da vulnerabilidade redentora. Aquele que reina no céu carrega as marcas da cruz. A glória de Deus não se revela em espetáculo de poder, mas na fidelidade humilde do Cordeiro que se entregou.
É assim que o Apocalipse desestabiliza todas as expectativas humanas: o vitorioso não é o que domina, mas o que serve; o exaltado não é o que impõe, mas o que se esvazia. O Cordeiro, morto e ressurreto, é a lente pela qual toda a história deve ser lida.
É esse Cordeiro que é digno de abrir o livro. Porque Ele venceu — não apesar da cruz, mas por meio dela. Ele cumpriu toda a justiça, ofereceu toda a misericórdia e derramou todo o amor. É a partir dessa realidade que somos chamados a olhar para nossa realidade.
Olhar para o céu, a esperança da terra
O capítulo 5 termina com uma virada definitiva: o Cordeiro é digno. A glória e a adoração que antes pertenciam exclusivamente ao que está assentado no trono agora são também dirigidas a Ele. Céus e terra se unem em um cântico novo, e toda a criação se curva diante daquele que venceu não pela força, mas pela entrega.
Cumpre-se a promessa: “Todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.” Confessar Jesus como Senhor não é apenas repetir uma frase — é reconhecer, com a vida, que o governo da história está nas mãos do Cordeiro. E que a glória do Pai se manifestou na cruz, enquanto a glória do Filho resplandece na ressurreição.
Enquanto isso — mesmo em meio aos cenários de guerra, à destruição de nossas matas, à manipulação genética da vida humana, à medicalização sem ética, ao uso de embriões como matéria-prima, à poluição das águas e do ar, à ganância por conforto que sacrifica a criação, ao lucro em cima da dignidade — que possamos olhar para a realidade do céu.
Porque é essa realidade que nos traz esperança na terra e deve moldar a maneira que vivemos enquanto aguardamos.
Desse modo, enquanto esperamos sua vinda, vivamos para glorificar o Cordeiro lembrando que independente do cenário é Ele que tem o controle sobre o início e o fim da história.
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